quarta-feira, 27 de março de 2013

Do ventre nasce um novo coração

Esse é um verso do, saudoso, Renato Russo e diz muito pra essa coisa de mãe.
Do ventre de toda mãe nasce um novo coração, ou seriam dois?
Depois de apresentarmos ao mundo um novo serzinho, nosso coração nunca mais é o mesmo. O meu não é. Mudou dia 30 de novembro de 2009.
Ali ele começou a bater diferente e até hoje ele, às vezes dói.
Dói de tanto amor. Dói de dúvidas.
A maternidade traz grandes certezas: a de ter que viver muito pra ver tudo o que eu puder; a de querer fazer o melhor pro meu filho; a de saber que, sem pestanejar eu o escolheria em detrimento até a mim mesma. E a maior das certezas: a de querer acertar.
Porém, acertar é tão relativo e abstrato...
Depois de anos, voltei a fazer terapia. Dessa vez com a maturidade de querer me melhorar muito mais do que no passado. Dessa vez com a responsabilidade de mãe. E devo dizer que tem sido transformador.
Tenho me entendido muito mais e tentado ser menos crítica. Tenho tomado a consciência de que não sou (e sequer serei) uma super mulher que pode tudo. Posso muitas coisas. Mas nem tudo poderei. Eu poderei aquilo que estiver no meu limite. Inclusive como mãe.
Os limites que eu imponho. As broncas que eu dou. Os dias em que eu não tenho paciência para aguentar seus "pitis" ou aqueles em que eu me permito deixar de fazer algo que eu julgo importante pra fingir que eu sou o Homem Aranha é o que eu posso dar.
Não adianta eu querer ser mais do que eu posso, do que eu consigo. Tenho que ser eu e só.
Quando você é mãe parece que está implícito que você tem que ser um anjo de candura.
Vida real avisa: não dá. Não 100%.
Quando o Pedro nasceu, meu coração doeu de amor, mas também doeu de dúvidas em vários momentos (até hoje, diga-se de passagem).
Foi assim quando percebi que amamentar, por exemplo, não era lindo como na propaganda de fralda. Quando eu fiquei, secretamente, mal humorada ao acordar de madrugada várias vezes na mesma noite ou quando eu tive muita vontade de ficar sozinha, sem o filhote.
Mãe não é a She-ra.
A gente tem TPM, a gente problemas, a gente tem conta e a gente tem lágrima (ah, essas nunca secam...).
Esse processo de auto conhecimento tem sido muito bem vindo e eu espero que, mesmo com os meus defeitos, minha eventual falta de paciência e meu cansaço ao final de dias cheios, sejam as  minhas escolhas e minha vontade de fazer dele um cara legal as características que façam a diferença.
Que no desenhar da personalidade do meu filho e no processo de auxiliá-lo na construção de sua vida eu possa ser a mãe que ele escolheria, tivesse ele essa possibilidade. 

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