segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Pedro faz 6

Meu filho,

No dia que você nasceu eu (re)nasci. Mas acho que antes disso, nós já tínhamos nos escolhido. Eu precisava ser sua mãe. Você precisava ser meu filho.

Eu te ensino e te ajudo. Mas, saiba, que você me ensina e me ajuda o dobro, filho.

Você nasceu para me lembrar que eu tenho que agradecer a Deus todos os dias pela Sua perfeição. Nem um dia sequer posso deixar de agradecer pela sua vida. Não tem um dia, desde que você chegou, que eu deixe de pedir a Ele uma vida longa, bem longa para nós, para podermos nos acompanhar por muito tempo e vivermos juntos muitos momentos.

Me encanta sua inteligência, sua sagacidade, sua facilidade de raciocínio, sua capacidade de lembrar de tudo e de aprender rapidamente tudo o que é apresentado a você. Fico fascinada pelo seu gosto e habilidade para desenhar tudo o que vê - e aquilo que você imagina! É como preencher de cor nossas vidas.

E o que dizer de sua personalidade, que desde de bem novinho já se mostrava?

Tem também suas birras e suas manhas - que eu não gosto nadinha e aí tenho que deixar o coração mole de lado e te fazer viver a experiência das frustrações. Mas, filho, acredite: os limites, os castigos e as broncas de hoje, serão bons para você. Quando você crescer, só o que queremos é que você seja bacana, com você e com os outros. Se você aprender a lição de que ser honesto e correto é item de fábrica, já tá ótimo, pois sua vida tenderá a ser mais íntegra - veja que não estou dizendo que será mais fácil...

Hoje você (me) completa 6 anos. Obrigada por me fazer reinventar, duvidar das minhas certezas, me confrontar com as verdades e derreter com o amor. Obrigada por me amar, assim do seu jeitinho.

Aqui, vendo você (que fugiu da cama e veio deitar pertinho de mim) só me resta continuar agradecendo e pedindo vida longa, pq ainda temos muitas brincadeiras pra inventar, risadas para dar, jogos de futebol para assistir, filmes para ver, músicas para ouvir, aprender e dançar.

Ah, filho, como o mundo é melhor com você...

Feliz aniversário, meu craque!

domingo, 6 de setembro de 2015

O meu filho, o seu, o deles...

Acho que depois do episódio do menino João Hélio (arrastado por bandidos num carro no RJ, em 2007) eu não fico tão mexida com uma história envolvendo crianças.
Ao ver a foto quase angelical, do corpinho de Aylan Kurdi, o menino sírio, meu coração disparou e meu estômago deu um nó. Quando soube que Khaled, seu irmãozinho e Rihana, sua mãe, também morreram, o nó apertou. 
Só o pai se salvou. Ele e sua dor, os sobreviventes.
Esses pais enfrentaram o medo da escolha, o mar, a morte. Devem ter enfrentado o pior dos sentimentos: a impotência. Eles não puderam ajudar aos seus filhos. Eles devem ter olhado seus olhinhos desesperados. Eles devem ter tentado protegê-los. Eles queriam liberdade.
Pensei no meu filho, no seu. 
No desespero dessa família. No mundo que estamos vivendo, construindo, fazendo parte.
Esse drama ganhou destaque internacional, mas e os tantos outros anônimos, que não viraram manchete de jornal...
Quantos Aylans já morreram e ainda vão morrer. Na Síria, no Nordeste, em São Paulo.
Os que morrem de fome, os que não tem um teto ou que morrem de frio. Os que não tem água.
Eu, que quero tanto para o meu filho, penso nos desejos que Rihana e Abdullah tinham para os seus meninos. Concluo que eram mais nobres e genuínos que os meus.
Meu filho nasceu livre, tem casa, tem escola, tem comida, tem quarto quentinho, tem saúde. Tem a nós.
Diz-se que a guerra só acaba para os mortos. Para Aylan, acabou. Para outros tantos ainda há muitas batalhas.
Eu, aqui vendo meu Pedro dormir, sadio e em segurança, choro uma oração e penso no que eu posso fazer para o Aylan mais próximo...