domingo, 14 de outubro de 2012

O sofrimento da perda...

O filhote está prestes a fazer 3 anos (é o tempo passa rápido, de verdade!). Neste tempo todo de vida, muitos aprendizados para ele e para mim.
Fico muito admirada com a rapidez do raciocínio, com a perspicácia, inteligência e fofurice, claro.
Claro que essses quase três anos foram de emoções intensas, boas e ruins (sim, não é pq vc 'vira' mãe que vira santa e grata por tudo o que acontece...) o que reforça inúmeras teorias.
Ser mãe não é fácil. Educar não é fácil. Ter paciência não é fácil.
Essa fase pela qual o Pedro está passando tem como principais características: manha, teimosia, desafio e teste constantes.
Tenho que ser dura com algumas coisas, tenho que deixar de castigo, tenho ficar explicando o tempo todo que aqui tem uma hierarquia a ser seguida e que, diferente do que ele às vezes pensa, não é ele quem dá as ordens.
E mais: tenho que lidar com os meus sentimentos... Será que estou sendo chata demais? Ou estou aliviando demais? Estou cumprindo as promessas? Estou sendo um bom exemplo?
A novela da vez aqui em casa é o abandono da chupeta.
Esse acessório que parece inofensivo, que a gente enfia na boca da criança para acalmá-la, sem saber o poder que vai ter sobre a cria...
O Pedro começou a usar chupeta quando os dentinhos começaram a nascer. Era muito incômodo e ela realmente alivia toda aquela tensão e dor. Só que não ficou por aí: os dentes nasceram, cresceram e a chupeta ganhou o coração do meu filho. Acompanhada da "fafá" (fraldinha de boca), a dupla é sucesso.
A "indicação" (se é que podemos dizer isso..) era que ela poderia ser usada apenas para dormir, pq ela realmente dá um alento e uma segurança quase que imediatas para a criança, porém, confesso, que cedi muito, em várias situações, mas tb fico bem aliviada pq não estou sozinha nessa empreitada, pois várias mães caem nessa armadilha.
Ficou chato, chorão? Chupeta. Tá estressado, fora do ambiente, quer ir embora, está inquieto? Chupeta neles.
Pediu pra usar fora da hora do soninho? Ah, tadinho...
Mas com quase três anos, a dupla tem que sair de cena.
Na verdade eu acho que às vezes ele nem queria tanto assim a chupeta. Se eu tivesse sido mais dura, tinha conseguido tirar...
Várias vezes ele colocava a chupeta e ficava mordendo, até furar. Eu dizia que eu não ia dar outra, mas na madruga, com o choro que quase acordava o condomínio, o que eu fazia? Cedia e dava a chupeta reserva, guardada para momentos de "emergência"..
O que isso significava pra ele? "Ah, entendi, ela fala que não vai dar, mas no final das contas me dá uma novinha.", pior: "Eu posso até morder e furar a chupeta que depois ela me dá uma novinha".
A inteligência dessa geração sabe até que se estragar uma, a mamãe compra outra. Sabe até que vende na farmácia.
Depois de passar inúmeras vezes por essa situação e dar uma chupeta novinha em folha, a primeira reação dele foi morder a chupeta. Foi ali (eu sei, demorei pra tomar uma atitude...) que eu dei o último aviso:
- Filho, se você morder essa chupeta e estragar eu não vou mais te dar nenhuma chupeta. Você entendeu?
- Sim.
À noite fui vistoriar a chupeta e me deparei com um mega buraco. Legenda: "estou desafiando você".
Peguei a dita cuja, mostrei pra ele e disse que eu tinha avisado, a partir de agora não tinha mais chupeta.
Parecia que o mundo estava acabando ou que eu estava matando a criança. Meu coração estava apertado, mas ela foi pro lixo (até pq estava nojenta!).
Isso aconteceu há 3 dias. A primeira noite foi muito difícil, chorou muito de madrugada. Na hora que bate o sono, ele sente muita falta, pede, chora, mas está entendendo que não tem mais a sua pepeta.
Às vezes ele me olha com raiva e diz que não é mais meu amigo.
Me corta o coração vê-lo sofrer, mas estamos firmes e o melhor: sem nenhuma chupeta reserva para nos tentar na madrugada!